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Amante da boa mesa e de um bom vinho (sem dispensar uma boa cachaça, é lógico) e... gente boa acima de tudo

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Nem tanto à terra nem tanto ao mar

Escolhi o título desse post 1º porque é um ditado que me acompanha desde pequeno (minha vó dizia muito quando tava na cozinha) e 2º porque percebo que hoje em dia às pessoas vivem como se não vivessem. Você pode perguntar: "Como assim?", "O que é que tem a ver esse título com viver sem viver?".
Todo mundo quer ser feliz. Essa é a regra básica da humanidade desde seus primórdios. A tecnologia, os avanços da medicina e até as guerras acontecem por causa dessa tão procurada felicidade.
E pra encontrar a danada não medimos esforços: dietas mil, academia, botox, fazer menino, ligar as trompas, beber até cair, rezar até a língua ficar seca, tá valendo tudo na hora de agarrar a tal felicidade.
E na cozinha num é diferente. "Pegue um fio de azeite extra-virgem com 0,3% de acidez...", "retire toda a gordura da carne...", "leite desnatado evita o colesterol"...ow saco!
O que mata o homem num é uma picanha bem suculenta e mal passada, nem aquela macarronada entupida de maionese...é o exagero. E exagero pode ser pros dois lados: pra mais ou pra menos.
Lembro que fui pra umas férias na casa de praia com meu filhos e foi junto conosco um(a) parente próximo pra ajudar com as crianças. Começava meu martírio já no café da manhã. Esse(a) parente próximo tem a mania de comer tudo "saudável". Entenda-se por saudável iogurte natural (tem gosto de nada com coisa nenhuma), granola, requeijão diet, leite sem lactose (como?), margarina becel (parece que você passou silicone no pão), ovo frito...na água (????) e afins. O meu café da manhã era uma maravilhosa pizza de frigideira e uma coca-cola sem gás (mas bem geladinha) do dia anterior.
"Cuidado, assim você vai morrer cedo", "Aff, num sei como teu colesterol já não entupiu todas as tuas veias", "sabia que um infarto em jovens é mais fulminante que em velhos?". Essa era minha ladainha diária. Saco!!!!
Os dias foram passando e meu nível de tolerância baixando, baixando, baixando, até que....cabum!
"Querido(a) parente, num sei quem tá certo ou errado. Você com sua dieta "saudável" ou eu com a minha "nada saudável". O que sei é que na minha família todo mundo come o que quer, na hora que querem, alguns fumam que nem caipora e todos bebem até chamar Jesus de Genésio, mas ninguém morre antes dos 80. Já na sua família, que vive na dieta "saudável" é todo mundo cheio de gastrite, depressão, diabetes e todas as mazelas que possam existir na humanidade. Acho que a grande diferença é ser feliz com o que temos, seja muito ou pouco. Ou seja, viva bem com o que você tem! Nem tanto a terra e nem tanto ao mar, seja comer muito ou pouco."
Silêncio...silêncio...cricricri
Essa é uma premissa que pode nos livrar de muitas angustias. Lembro-me que São Paulo apóstolo disse :"Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém". Num tô aqui pra discutir fé com ninguém, mas que o cabra tem razão, ahh tem.
Já fui obeso! Cheguei a pesar 142kg distribuídos nos meus 1,86m. Eu não tava preocupado em satisfazer meu paladar, queria encher o bucho, fosse com sushi (adoro) fosse com coxinha de galinha (adoro mais ainda). Mas essa "dieta" tava simplesmente me matando. Não teve outro jeito, entrei na faca (cirurgia bariátrica em 2005). Hj estou com 89kg (pense num manequim hehehe). Mas o que aprendi com isso tudo? Posso tudo, na medida certa. Hoje minha alimentação é absolutamente normal: pão, ovo, leite, carne, arroz, feijão, pizza e por aí vai. A cirurgia me fez entender que não é o "que" eu como, ou "quanto" eu como, mas "como" eu me alimento.
Gordura é bom? Sim. Cerveja é bom? Lógico! Mas tudo na medida certa. E posso ir além. Tudo é bom desde que eu esteja feliz, ou melhor, seja feliz. Podem me perguntar: por quê você fez essa diferença entre "estar" feliz e "ser" feliz. Pra mim, felicidade não depende tanto de ter isso ou aquilo, de fazer isso ou aquilo, mas de como eu encaro as situações que se apresentam na minha vida, sejam elas boas ou ruins. "Viva bem com o que você tem" pode ser outra interpretação para "nem tanto a terra nem tanto ao mar"

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